A tainha Mugil liza é uma espécie de grande interesse para a aquicultura e se destaca por sua produção de ovas, conhecida como Bottarga ou “caviar brasileiro”, o que torna a criação de populações monossexuais de fêmeas desejável. Para a produção de lotes monosexos femininos de forma direta, o estrogênio 17β-estradiol (E2) é um dos hormônios mais utilizados. Dessa forma, o objetivo do trabalho foi produzir lotes monosexo femininos de tainha, através da adição do hormônio feminizante na dieta de juvenis selvagens e de cativeiro.
Unidades experimentais de 500 L foram povoadas com 10 peixes cada. Os animais cultivados (18,26 ± 1,70 cm e 68,46 ± 20,0 g) e os selvagens (20,63 ± 2,62 cm e 81,64 ± 26,09 g) foram alimentados com ração comercial de 1,3 mm, contendo doses de 0 (controle), 60 e 120 mg de estradiol por kg-1 de ração, em triplicata. A alimentação foi fornecida 4 vezes ao dia até a saciedade aparente, durante 120 dias. Ao final, foi realizada a biometria. Três indivíduos de cada tratamento foram eutanasiados em benzocaína (200 mg kg-1), e a gônada foi extraída mediante incisão ventral para análise histológica.
Os peixes do controle, independente da origem, apresentaram maior crescimento em relação aos tratamentos (Tabela 1). Para as doses de 60 e 120 mg de E2 por kg-1 de ração foi verificado 100% de fêmeas para ambos os lotes (selvagem e cultivo) (Figura 1). No entanto, as doses de 120 mg apresentaram menor crescimento e maior mortalidade (Tabela 1).
Este foi o primeiro trabalho a realizar a inversão sexual de Mugil liza com espécimes selvagens e de cultivo e obter 100% de feminização.
O uso da dose de 60 mg de E2 foi considerado a dose ideal para a inversão sexual.